segunda-feira, 22 de março de 2010

Retórica.

Eu não ia mais postar, mas de deu muita vontade de esclarecer umas coisas aqui.

Tenho 18 anos, podem me chamar de Julie. Tenho problemas com a comida desde que me entendo por gnt. Quando era criança comia como uma criança. Mas minha mãe com pressa colocava colheres enormes de comida na minha boca pra eu não me atrasar pra escola. Acho que foi a partir disso que desenvolvi um histórico de 'comer compulsivo' depois de alguns anos.
Fui crescendo, cresceu também meu peso. E com ele fez crescer as piadinhas sobre gordura dos amiguinhos da escola, as 'críticas construtívas' da parte dos familiares e a angústia que sentia por isso. Não sei exatamente quando começou, digo e repito. Aos 14 tinha emagrecido durante as férias de tal forma que quando voltei pra escola as pessoas me olhavam diferente! Recebi elogios e gostei do que ouvi.
Mas a tortura era demais, depois de um tempo não conseguia mais controlar as compulsões. Quis tentar me 'curar' sozinha. Contei a uns poucos amigos que me ajudaram e eu passei a comer melhor por um tempo. Ao fim dos 15 anos tive uma crise de ansiedade e o comedor compulsivo tomou conta de mim. Engordei 20 em questão de dois meses. Nada fácil; passei a odiar meu corpo com todas as forças.
Nesse meio tempo eu tive que escolher: ou parava com os vômitos ou tinha meu estômago são e salvo. Escolhi meu estômago. E escolhi parar de comer junto com ele. Minha gastrite e meu refluxo são uma consequência que eu vou levar pro resto da vida.

Mas preciso dizer uma coisa: não é culpa da mídia. Eu mesma com a filosofia de vida Punk que tenho sou totalmente avessa á mídia. Gosto de moda? Sim, mas não no sentido de seguir todas as tendências impostas; eu gosto da história da moda. O meu problema não tem nada a ver com o que a mídia impõe que nós sejamos. Eu tenho muita consciência do que a mídia é capaz, e não fui tocada por ela.

Não culpo a indústria da moda que produz modelos magras, porque desde que o mundo é mundo isso é sinal de elegância. Não vamos ser hipócritas ao ponto de dizer que achamos lindas pessoas cheias de banhas, porque não são. E há também um limite de magreza! Porque eu tenho escrúpulos o suficiente pra saber que uma pessoa de 38 kg não é nada agradável de se ver.

Não sei se há um culpado na minha história; mas há estopins, isso há. Porque de algum ponto de partida as coisas caminham. Sei que meu ponto de partida foram os comentários ácidos que ouvi de pessoas que nem ao menos tinham noção do que certas brincadeiras podem causar a um ser emocionalmente abalado. Enfim, não sou burra, não sou uma alienada da mídia. E afirmo dizer que tenho uma consciência maior do que a de muitas pessoas bem mais velhas do que eu. Há quem vá dizer 'se há tanta consciência, porque não sai dessa?' e eu lhes digo 'seria a mesma coisa que dar um copo de conhaque a um alcóolatra em potencial e mandá-lo não beber!'

Não me venham com hipocrisias, nós sabemos muito bem toda a verdade. É lamentável que algumas meninas busquem uma 'doença' pra se consolar, mas cada um sabe suas razões. Lá no fundo, todas nós sabemos todas as consequências de cada kcal que deixamos de ingerir.

Desculpem o post gigante, meninas; mas creio que tenho que ser sincera com vocês, queria que vocês soubessem um pouco mais da minha história.

2 comentários:

  1. Oiii,acredito que todas nós por aqui temos problemas com a comida...E isso não é falta de inteligência ou de entendimento...Cabe a nós aprender a lidar com esses problemas da melhor forma possível,como todos os problemas que enfrentamos nas nossas vidas,bjinhos flor *-*

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  2. Adorei conhecer um pouco mais da sua história *-*

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